SAI DAS DIVIDAS

26/10/2013

CPA 20 - Modulo 7 - Mensuração, Gestão de Performance e Risco V

VALUE AT RISK (VaR)


A Rainha de Inglaterra acordou no dia 26 de Fevereiro de 1995 com a notícia de que o Barings
PLC, um grande banco com 233 anos de idade, havia caído em bancarrota. Aparentemente o
grande desastre deveu-se a um único homem, Nicholas Leeson, que perdeu 1,3 biliões de
dólares nos negócios com derivados. Esta perda, causada pela grande exposição no mercado à
vista japonês devido às posições tomadas em futuros, arrasou por completo com o capital do
banco. Leeson, responsável pela negociação do Barings Futures em Singapura, acumulou
posições em futuros sobre o índice Nikkei 225 de tal forma que as posições especulativas do
banco nas praças de Singapura e Osaka ascendiam à espantosa quantia de 7 biliões de dólares. O
Barings Futures sofreu grandes perdas nos dois primeiros meses de 1995, com a queda de mais
de 15% do mercado. À medida que as perdas se acumulavam, Leeson aumentava a exposição do
banco na crença de que o mercado iria inverter a tendência de queda. Incapaz de realizar os
pagamentos devidos às contrapartes dos seus negócios, Leeson fugiu no dia 23 de Fevereiro,
três dias antes da bombástica notícia.

Este foi um dos casos recentes mais famosos de grandes perdas causadas pelos negócios nos
mercados de capitais que avivou a necessidade de quantificar e controlar a exposição das
carteiras aos riscos de mercado. A partir daqui uma nova ferramenta de cálculo de exposição de
carteiras aos riscos de mercado começou a desenvolver-se e a expandir-se rapidamente pelas
instituições do mundo inteiro: o value at risk (VaR).

O VaR é uma medida estatística que permite medir o risco inerente a cada carteira. Outras
medidas estatísticas como o índice de Treynor ou o índice de Sharpe permitem hierarquizar
carteiras de títulos em função das variáveis rendibilidade e risco, permitindo ao investidor
estabelecer preferências entre carteiras. No entanto estas medidas não são suficientemente
robustas para determinar o risco absoluto de cada carteira. Quem detém ou gere uma carteira de
títulos, seja uma grande instituição bancária, uma sociedade gestora de fundos de investimento
ou mesmo um pequeno investidor, estará certamente interessado no nível de risco que lhe está
associada. É hoje em dia indispensável aos investidores e gestores de carteiras encontrarem
respostas para questões como as seguintes:
- Quanto dinheiro poderei perder com a minha carteira actual caso a mantenha por mais 1
dia?
- Se eu comprar acções da sociedade ‘X’ aumentarei o risco global da carteira?
- Se sim, qual é o acréscimo desse risco em termos de montante?
- Como deverei recompor a minha carteira se só estiver, por exemplo, disposto a perder
no máximo 5% do seu valor?

As respostas a estas questões podem ser encontradas através do cálculo do VaR da carteira.
A definição de VaR de uma carteira pode ser apresentada como uma estimativa, com um
determinado nível de confiança estatística, para a perda potencial máxima em dinheiro de uma
carteira, assumindo um determinado horizonte temporal de detenção dessa carteira.
Por exemplo, se considerarmos uma carteira com um horizonte de investimento de 10 dias e um 
nível de confiança estatística de 95%, um VaR de 50 000 euros significa que a perda máxima 
esperada da carteira nos próximos 10 dias é de 50 000 euros, assumindo a normalidade das 
rendibilidades e um nível de confiança de 95%. Ou por outras palavras, apenas há 5 hipóteses 
em cada 100 da perda máxima da carteira ser superior a 50 000 euros durante os próximos 10 
dias. 
 
Existem diversas metodologias de cálculo do VaR, 
 
1. Método analítico 
2. Simulação histórica 
4. Método delta-gamma 

Fonte: